25 de JUNHO de 2018

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+ entrevista

Novo conceito de saúde

Roberto zottis é diretor-geral do fátima saúde, empresa que completa 30 anos com 52 mil beneficiários

Mobirise



SILVANA TOAZZA

silvana.toazza@pioneiro.com

Bacharel em Ciências Econômicas, Roberto Zottis, 59 anos, tem o desafio de comandar o Fátima Saúde, empresa caxiense que celebra 30 anos de história na saúde privada com a marca de 52 mil vidas atendidas, 161 empregos diretos e 669 médicos credenciados.

Os números orgulham: hoje, a operadora possui em sua carteira 2,5 mil empresas clientes, distribuídas entre as operações em Caxias do Sul, Flores da Cunha, Farroupilha e São Marcos. Desde 2008, disponibiliza aos associados o Fátima Life, um conceito de vanguarda em gestão compartilhada da saúde que integra diversas soluções em um só ambiente.

Em 2012, surgiu o MarcoSaúde, plano de saúde desenvolvido aos funcionários da Marcopolo, que funciona em três andares do Centro Clínico Del Mese, prédio que também abriga, desde setembro de 2016, os serviços do Centro Integrado, num esforço para resgatar o modelo de medicina da família, com uma equipe multidisciplinar.

– Desde sua fundação, o Fátima Saúde tem em seu DNA a busca constante pela inovação. Hoje, um formato de plano de saúde que trabalhe apenas com consultas, exames e internações, se tornará inviável em pouquíssimo tempo. O Fátima Saúde é um modelo que vai além de um plano: é um completo conjunto de soluções para a gestão total e integral da saúde – expressa Zottis, natural de Nova Bassano, que atua na empresa há 15 anos.

Casado com a nutricionista Silvana Zottis, e pai da pediatra Bárbara, 28, e da fisioterapeuta Roberta, 26, o diretor-geral concedeu entrevista ao Pioneiro:

Eriel Giotti, divugação

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O setor chegou próximo à linha limite da sustentabilidade


  • Quais os desafios de um plano diante da ineficiência do sistema público de saúde?
    Os desafios são enormes. O principal, e o mais complexo, é o exaustivo olhar nos principais fatores que impactam fortemente a taxa anual nos gastos globais assistenciais, tais como o progresso nos tratamentos médicos, o envelhecimento da população e a judicialização. Mesmo nesse cenário de dificuldade extrema na busca do ponto de equilíbrio da operação de planos de saúde, é preciso inovação e melhorias contínuas para garantir a qualidade, mais prevenção, experiências positivas ao paciente, acesso orientado aos beneficiários para os serviços especializados certos e no tempo certo, capacitação das pessoas, uso da tecnologia de informação. O sucesso no equilíbrio do negócio é diretamente ligado à capacidade da operadora em estabelecer relações positivas e integração com os atores do setor. Os beneficiários necessitam da compreensão de que se beneficiam individualmente de um fundo coletivo. Nesse sentido, o uso consciente é esperado. Os financiadores (empresas) necessitam exercer uma participação de maior protagonismo junto às operadoras, ajudando, assim, a criar um sistema mais eficaz. Os prestadores de serviços necessitam ser parceiros integrados e propulsores da qualidade assistencial. A operadora precisa da compreensão de que ela não é “proprietária” dos valores depositados em sua confiança por parte das pessoas e empresas, mas, sim, administradora desses recursos que deverão ser vinculados à sustentação das necessidades futuras dos seus associados. 
  • Qual o impacto da crise econômica vivida pelas empresas para o Fátima Saúde?
    A
    pesar das severas consequências da crise à população em geral, às empresas e, consequentemente, ao nível de empregos, o Fátima Saúde conseguiu manter estável a sua carteira de beneficiários.  
  • Qual a perspectiva de crescimento da empresa em 2018?
    Para o ano de 2018, projetamos pouca variação da carteira de beneficiários, a exemplo do ano de 2017. Nesse período de dificuldades do mercado, nossa equipe está fortemente comprometida em buscar melhorias de processos e de atendimento, especialmente com vistas a propiciar melhores experiência aos nossos associados. 
  • Quais foram as principais conquistas e lacunas do setor?
    Entendo que, nesses 30 anos de existência da operadora, as maiores conquistas foram nos campos do constante aprendizado e o respeito da sociedade. Quanto às lacunas, citaria a ausência de uma legislação que contemple todas as atividades do setor, e, até mesmo, regulação conflituosa. 
  • Quais as mudanças implantadas nos últimos anos e o impacto no mercado?
    Nos últimos anos, temos atuado fortemente em inovação e no desenvolvimento de um modelo de saúde integrado, integral e parceiro das organizações, reduzindo a visão fragmentada entre os sistemas de saúde assistencial, ocupacional e preventivo. Nesse sentido, o maior desafio e conquista foi a concepção do MarcoSaúde. 
  • As novidades têm agradado ao público?
    Temos recebido feedbacks muito positivos. É uma mudança de cultura e de processos.
  • O Fátima Saúde tem planos de expansão? Quais?
    No momento, estamos em forte processo de consolidação do nosso modelo de gestão integral e integrada em saúde, com experiências bem-sucedidas, especialmente no segmento de planos corporativos, que representam mais de 80% da nossa carteira. O futuro, inevitavelmente, nos conduzirá para o caminho da expansão ao encontro dessas empresas que desejam a adoção de um modelo diferenciado em gestão e não simplesmente a compra de planos de saúde ou medicina do trabalho.
  • Como manter o serviço e a empresa sólidos?
    Atuamos em um setor de fortíssima regulamentação da ANS (Agência Nacional da Saúde Suplementar), o que nos obriga a trabalhar com visão de sustentabilidade do negócio. Isso só será possível com o respeito ao cliente, a geração de confiança e a entrega de um serviço de qualidade superior: nossa e de nossos parceiros.
  • É preciso apostar em custos mais acessíveis para concorrer com a Unimed Nordeste, por exemplo?
    Todo o setor necessita trabalhar fortemente na busca de custos mais acessíveis. Nosso modelo de competição adota estratégias próprias. Detemos conhecimento, sistemas e capacidade de relacionamento singulares, em que somos capazes de ofertar preços adequados e com alta diferenciação em nossos produtos. Entendo que as operadoras de saúde suplementar são parceiras, não concorrentes, e exercem importante papel em razão das carências que a população necessita no direito à saúde.
  • No geral, como você avalia o sistema de saúde oferecido em Caxias?Caxias do Sul é um polo de excelência nas mais diversas áreas da saúde. Em relação às operadoras, temos um nível de competição muito interessante. A comunidade se beneficia dessa oferta qualificada.
  • Qual a tendência no setor?
    O setor de saúde chegou próximo à linha limite da sustentabilidade. Para muitos, a conta está difícil de fechar e, se continuar assim, projetamos um futuro nada animador para o setor. A tendência é buscar o caminho da sustentabilidade, com resgate da medicina básica, foco na prevenção em vez da doença, acesso orientado dos associados aos serviços especializados por meio de médicos clínicos/família, a maior consciência no uso, o maior protagonismo dos financiadores (empresas clientes e recursos humanos) junto às operadoras, a construção de redes de prestadores qualificados, integrados e comprometidos com o sistema e maior segurança jurídica. Isso vai além de tendências, vai no caminho da sustentabilidade e propiciará um melhor cuidado à saúde das pessoas, que é a razão de ser de um sistema de saúde.
  • Como é gerenciar uma empresa que atua em uma das áreas prioritárias e que mais sofre críticas e pressão?
    Há um mutualismo com a participação de muitos atores, administrado pela Operadora de Saúde Suplementar. E são muitos atores diretamente envolvidos: beneficiários, médicos, hospitais, outros prestadores (como clínicas), operadoras de saúde e, também, a ANS, que regula o sistema, e todos devem seguir sua normatização. Assim, um sistema de mútuo coletivo, que envolve tantos atores, precisa ser compreendido por todos, inclusive pelo Judiciário. E, mais, necessita da colaboração de todos, para um bom funcionamento e atingir seus objetivos.

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