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20 de AGOSTO de 2018

+ Empreendedorismo

Uma nova safra de startups

negócios inovadores da Serra dão seus primeiros passos em busca da consolidação no mercado

Mobirise



FERNANDO SOARES
fernando.soares@pioneiro.com

O Brasil possui atualmente mais de 6 mil startups, segundo a Associação Brasileira de Startups (ABStartups). São negócios iniciantes, geralmente de base tecnológica, que propõem soluções inovadoras de produtos e serviços. No entanto, muitos desses empreendimentos acabam ficando pelo caminho. Isso ocorre por uma série de fatores, como ausência de investimento, pouco comprometimento entre os sócios ou pela falta de validação da ideia no mercado.  

O consultor Edson Mackeenzy, eleito o melhor mentor do país pela ABStartups, lembra que apenas 2% das startups conseguem ganhar escala e se tornar empresas bem-sucedidas em até cinco anos. Outras 20% conseguem se manter no mercado, mas sem o tamanho que projetavam. Ou seja, de cada 10 startups, oito acabam morrendo. Mackeenzy ressalta que não basta ter uma ideia inovadora, é preciso colocá-la à prova.

- Um erro comum que os empreendedores cometem é ter uma ideia e não buscar entender se ela é desejável, economicamente viável e tecnicamente possível - relata.

Na Serra Gaúcha, o ambiente dos negócios iniciantes tem se desenvolvido rapidamente nos últimos anos. A cada dia surge um novo empreendimento na região. Conheça cinco startups serranas que já estão colocando suas soluções no mercado e querem superar a barreira dos 2% de negócios bem-sucedidos.

CidadePlena

FELIPE NYLAND

Mobirise

planejamento | Giovana quer decisões baseadas em dados

Melhorar tomada de decisões nos municípios, baseando as escolhas a partir de dados concretos e não de “achismos”, é o principal objetivo da CidadePlena, plataforma desenvolvida por especialistas em planejamento urbano de Flores da Cunha. A iniciativa pretende criar um padrão para as informações extraídas de diversas bases de dados, permitindo a criação de indicadores que poderão ser utilizados para elencar as carências das cidades e na construção de políticas públicas em áreas como educação, saúde e segurança.

- A gente vê que as decisões tomadas hoje não têm precisão em informações, mas sim motivação política. O que queremos é romper isso e possibilitar que se trabalhe o que é realmente necessário para o município - relata Giovana Ulian, engenheira civil e uma das criadoras da CidadePlena.

A CidadePlena está inserida dentro de uma empresa de planejamento urbano. No entanto, a meta é que a plataforma vire um negócio à parte. Para isso, Giovana comenta que os idealizadores buscam em torno de R$ 300 mil em investimento para alavancar a startup. A ideia é oferecer o serviço a entidades da sociedade civil organizada, que disponibilizariam as informações às prefeituras. Um projeto piloto já foi realizado em Lajeado. O foco inicial é chegar a 16 cidades entre 30 mil e 150 mil habitantes, até o final de 2019. Na Serra, Bento Gonçalves e Vacaria estão no radar. Segundo Giovana, a realização do mapeamento das informações leva seis meses e o custo vai de R$ 40 mil a R$ 110 mil.

 

 

Gomining 

FELIPE NYLAND

Mobirise

escrita|  Plataforma de Simone pode ajudar a melhorar textos de alunos

Vendo as dificuldades que alguns alunos universitários tinham para escrever textos acadêmicos, a professora da Universidade de Caxias do Sul (UCS) Simone Emer decidiu encontrar uma solução para corrigir esse problema. Assim, de sua tese de doutorado em Informática na Educação, surgiu a Gomining. A startup caxiense, que conta com outros dois sócios além de Simone, é uma plataforma que agrega diferentes ferramentas em uma página na internet para a análise de conteúdos.

- A plataforma trabalha com mineração de texto e inteligência artificial. A pessoa coloca o texto lá e é possível analisar as ideias principais e secundárias, ver quais são as incoerências - explica Simone.

O software, no entanto, não faz a correção automática dos problemas. A ideia é que o próprio aluno realize as modificações, após a identificação das incoerências.

Outra possibilidade de uso é a análise de textos longos, como relatórios, que necessitem uma leitura rápida. Neste sentido, é possível elaborar resumo das ideias centrais ou mapear as principais palavras do texto em um clique.

O modelo de negócio da empresa está baseado na venda da solução para universidades e instituições de ensino, mas também prevê a comercialização do serviço para o público em geral. Algumas funcionalidades da ferramenta, no entanto, deverão ser disponibilizadas gratuitamente. 

 

 

Icehot 

Felipe Nyland

Mobirise

Água | Panta projeta fazer 165 instalações

Oferecer em espaços públicos água quente para o chimarrão e água gelada para quem pratica exercícios ou simplesmente quer se hidratar. Essa é a proposta da Icehot, startup de Bento Gonçalves que desenvolveu um equipamento para disponibilizar o líquido gratuitamente às pessoas. Isso é possível através de parcerias com as prefeituras dos municípios, que disponibilizam o local, a água e a luz, enquanto a empresa instala e faz a manutenção do aparelho.

No mercado há pouco mais de um ano, a empresa já começou a fechar os primeiros acordos para a colocação do produto. Atualmente, Flores da Cunha, Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires contam com o equipamento. Em um primeiro momento, a startup mapeou cerca de 170 outras cidades gaúchas, com população acima de 10 mil pessoas, com potencial para a realização de negócios. Cerca de 45 dessas localidades estão com tratativas abertas para a instalação.

- Temos a previsão de 165 novas instalações nos próximos meses - projeta Samuel Panta, um dos sócios da Icehot.

O modelo de negócio da Icehot está baseado na venda de publicidade. Ou seja, a cidade não precisa comprar o equipamento, basta ceder o local, de preferência um parque ou uma praça, e possibilitar o acesso à água e energia elétrica. Em contrapartida, a startup negocia a colocação de propagandas na máquina. O aparelho é fabricado também em Bento Gonçalves, mas por uma outra companhia.

 

 

Minha Escola

FELIPE NYLAND

Mobirise

agenda digital | Aplicativo de Borges informa sobre o dia a dia na escola

Um aplicativo feito por uma startup de Caxias do Sul pode deixar o uso de papel nas escolas com os dias contados. A Minha Escola, de Caxias do Sul, decidiu digitalizar a agenda dos alunos, possibilitando que os pais se mantenham informados em tempo real sobre o dia a dia dos filhos no colégio. Além disso, é possível marcar reuniões e consultar a data dos eventos escolares por meio da solução, que está disponível para smartphones dos sistemas Android e iOS.

- A ideia nasceu de uma necessidade de um dos sócios da startup, que é pai, e sempre se esquecia de ler ou perdia a agenda. Aí surgiu o app – relata Leonardo Borges, um dos sócios do Minha Escola.

Segundo Borges, o aplicativo tem um preço similar ao da agenda de papel, custando em torno de R$ 60 por ano. Em geral, as escolas acabam fornecendo um perfil de usuário e uma senha aos pais para que eles utilizem o app.

Em pouco mais de um ano no mercado, a empresa fechou acordos com cerca de 50 escolas em Caxias, Farroupilha, Bento Gonçalves e Nova Prata. Ao todo são mais de 8 mil alunos cadastrados, a maioria deles na educação infantil. No entanto, os criadores da aplicação avaliam que há potencial para oferecê-la para instituições de ensino de todo o país e até mesmo no Exterior, adaptando uma versão para outros idiomas.

No momento, a startup caxiense está atrás de investidores que possam ajudar o negócio a ganhar escala. Segundo Borges, um aporte na faixa dos R$ 200 mil a R$ 1 milhão seria suficiente para impulsionar a iniciativa. 

 

 

Murbi

FERNANDO SOARES

Mobirise

transporte | Frotas podem ser melhor aproveitadas, diz Berra

Diversas empresas em Caxias do Sul costumam contratar empresas de transporte privado para levar seus funcionários da casa ao trabalho e vice-versa. Como as viagens geralmente são realizadas no início da manhã e no final da tarde, muitas vezes a frota fica desocupada no restante do dia. Pensando em mudar esse panorama surgiu a Murbi, empresa caxiense que pretende aproveitar essa ociosidade para oferecer um serviço ao público.

A ideia é que os donos de transportadoras cadastrem rotas que poderiam ser utilizadas pela população em geral. Os usuários conseguem verificar em um aplicativo os horários e os itinerários cadastrados. Pela própria plataforma é possível comprar os créditos, que são debitados cada vez que a pessoa usa o serviço.

- Apenas em Caxias do Sul estimamos que ocorram, por dia, de 7 mil a 8 mil viagens vazias (quando o transportador retorna da empresa após deixar os funcionários). É um desperdício gigantesco. Podemos ofertar isso para a população - projeta Giovani Berra, um dos sócios da Murbi.

Berra destaca que a plataforma ainda está sendo aperfeiçoada e deve estar totalmente pronta até o final do ano. No momento, a startup tem um projeto piloto junto à uma associação de estudantes e funcionários da UCS. Com isso, os associados utilizam a opção de transporte para ir e voltar da UCS. Atualmente, são transportados de 80 a 100 passageiros por dia. 

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