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01 DE OUTUBRO DE 2018

+entrevista

“Quem futura, colhe”

Beia Carvalho propõe imaginar-se daqui cinco anos

Mobirise



DIEGO ADAMI

diego.adami@pioneiro. com

Você consegue se imaginar onde e como estará daqui a cinco a anos? Provocar plateias a fazerem esse salto mental no tempo tem sido a missão da futurista Beia Carvalho, que esteve em Caxias do Sul como convidada do 9º Fórum de Inovação promovido pela Câmara de Indústria Comércio e Serviços (CIC). Beia percorre o Brasil para instigar empresas e colaboradores a refletirem sobre o futuro dos negócios a partir de conceitos como inovação, colaboração e engajamento.

– Quando proponho a empresários e executivos a pensar no futuro, daqui cinco, 10 anos, vêm à cabeça coisas como as previsões de Mãe Dinah ou o desdém “no Brasil não dá pra pensar no futuro”. Pensar no futuro é como fazer exercício físico: dá uma preguiça danada, deixamos para amanhã, mas quem futura, colhe resultados – afirma. Confira a entrevista:

 Laureni Fochetto, divulgação 

Mobirise
Mobirise

Pensar no futuro é como
fazer exercício físico. Dá
uma preguiça danada

  • Você é publicitária, mas apresenta-se como “futurista”. No que consiste seu trabalho?
    Me formei em publicidade, trabalhei com Moda, Antiguidades e só depois dos 30 anos entrei para a publicidade, onde atuei por 20 anos. Fui sócia na área de Planejamento de duas agências. Em dezembro de 2008, em plena “marolinha do Lula” me joguei de corpo e alma nesta jornada de provocar pessoas a pensar por algum tempo, por menor que seja, no futuro. Hoje, palavras como futuro e inovação estão por toda parte, mas não era assim quando comecei. 
  • Por que é importante visualizar-se a si mesmo e sua organização daqui cinco anos?
    Cinco anos é perto o suficiente para você ou uma empresa se imaginar e longe o bastante para se sonhar. É a medida certa. Por quê? Bem, o presente está pronto. É um presente, você vive ele. No futuro nada existe, só o que você inventar. No futuro tudo pode, tudo é permitido. Esta liberdade que damos aos nossos cérebros de poder pensar sem restrições, sem amarras, sem dogmas, nos permite voos, novas rotas, novas sinapses. Uma visão evolutiva de seus negócios e da sua vida. 
  • Qual a crença limitante mais prejudicial que permeia as empresas hoje em dia?
    A de que o presente é tão complexo, o que é verdade, que não há tempo para se “perder” com o futuro. Então, ao não reconhecer que estamos de mudança para uma Nova Era, insistem em conservar e trabalhar em estruturas hierárquicas, vagarosas com poder centralizado, top-down. Não deixa de ser irônico que, ao mesmo tempo, muitas dessas empresas se adornam com palavrinhas modernas e vazias, que não se coadunam com essas estruturas centralizadoras, como empoderamento ou colaboração. Nessa bagunça conceitual, só se confundem e se perdem na concorrência com as empresas que realmente estão pensando no futuro. Que estão tentando acertar um novo eixo evolutivo de seus negócios, como evoluir para uma estrutura ágil, em rede, com poder distribuído. E que tipo de munição estratégica, de pessoas, de tecnologia e de ambientes eu preciso me armar, para fazer uma virada, a transformação digital, a pegada do futuro. 
  • No “embate” entre as velhas e as novas gerações quando se trata de mudança e inovação. Como encontrar o equilíbrio e quem deve tomar a iniciativa de levar a empresa para um novo caminho?
    Por pesquisas, e são muitas, a produtividade aumenta consideravelmente quando há diversidade no ambiente de trabalho. Uma empresa perde quando todos pensam igual. Um estudo da McKinsey & Co. aponta que empresas com comitês executivos com equilíbrio de gênero têm um lucro operacional 56% maior. Outra pesquisa da McKinsey com 350 grandes empresas da América do Norte, Latina e Reino Unido, diz que empresas que tem maior diversidade de gênero e raça obtiveram 35% a mais de retorno financeiro do que suas concorrentes. As gerações fazem parte de um programa de diversidade. O caminho é o do exemplo, da cultura, do aprender, do trazer profissionais que já implantaram esses programas em outras empresas. Aprender com os exemplos, evitar erros, desvios e ir à luta.  
  • Como tornar-se/ser um bom líder?
    Tudo neste novo mundo demanda esforço estudo. Muito do que aprendemos no passado nos impede de aprender sobre o futuro. Na realidade, muito do que temos a aprender tem a ver com habilidades humanas – empatia, colaboração, acolhimento – sentimentos e expressões humanas que enterramos por algum tempo. E são exatamente essas habilidades que nos diferenciam das máquinas, que nos fortificarão diante do crescente poder da robótica e da Inteligência Artificial. 
  • Você vislumbra um futuro otimista ou pessimista?
    Futurar é olhar para o futuro com um olhar positivo. Futuristas não evitam as tendências, mergulham nelas para estudá-las, tentar fazer correlações com as mudanças que já observamos a olho nu e de como elas se misturam e formam a macro tendências. Essas sim, impossíveis de serem evitadas, como a tendência da longevidade, da conectividade, novas famílias e sustentabilidade. Ao estudá-las e traçar conexões ideias de negócios pululam e isso só nos enche de mais otimismo.

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