website templates


19 DE OUTUBRO DE 2018

+entrevista

Uma nova Aurora vem aí

Hermínio Ficagna, diretor-geral da cooperativa,
tem o desafio de transferir produção fabril para nova planta

Mobirise



BABIANA MUGNOL

babiana.mugnol@rdgaucha.com.br

Administrar a maior cooperativa vinícola da Serra, com 87 anos de história e mais de 1,1 mil famílias dependentes, é responsabilidade de Hermínio Ficagna há cinco anos, quando virou diretor-geral da Aurora. Há 30 anos atua como colaborador da empresa. Filho de agricultor, tem no DNA o cultivo da videira e o associativismo. Nos próximos anos, Ficagna terá o desafio de transferir toda a produção fabril da Aurora, no coração de Bento Gonçalves, para a nova planta no Vale dos Vinhedos. A primeira fase tem previsão de ser inaugurada ainda em 2018.

O diretor da Aurora é um dos painelistas do Encontro de Gigantes, promovido pela Rádio Gaúcha amanhã, a partir das 7h30min, no Centro da Indústria, Comércio e Serviços (CIC-BG), patrocinador do evento. O diretor-presidente da Todeschini, João Farina Neto, e o superintendente do Hospital Tacchini, Hilton Mancio, também vão compartilhar os desafios de comandar negócios.

DAIANE ZAT, DIVULGAÇÃO 

Hermínio Ficagna administra maior cooperativa vinícola da Serra, com mais de 1,1 mil famílias filiadas

missão |  Ficagna administra maior cooperativa vinícola da Serra, com mais de 1,1 mil famílias filiadas

Mobirise

“Nosso maior desafio é a sucessão
familiar. Mais de 30% do quadro
associativo tem acima de 70 anos”

  • Como começa a sua história no ramo vitivinícola?
    Estou há 30 anos na Cooperativa Aurora. Minha primeira atividade foi atender ao associado. Depois passei pela área jurídica e, há cinco anos, assumi o cargo de diretor-geral. Sou natural de Bento Gonçalves, meu pai era agricultor associado da cooperativa. Minha família mantém no DNA o cultivo da videira e faz parte da Aurora. Até os 18 anos, trabalhei na propriedade. Mas ainda nos finais de semana, a gente continua trabalhando porque faz parte da nossa história como descendentes de italianos que têm um apego muito grande pelo trabalho da agricultura, principalmente da videira.  
  • Quantas famílias hoje dependem da Aurora?
    Temos 1,1 mil famílias. São pequenas propriedades, a média de produção provém de 2,5 mil hectares por família. Recebemos em torno de 60 milhões de quilos de uva, uma média de 50 mil quilos por propriedade. São de 4 a 5 pessoas por propriedade que vivem dessa atividade. 
  • Como é administrar uma cooperativa desse tamanho?
    A responsabilidade é muito grande. Além das associadas, são mais 500 famílias de colaboradores. Qualquer decisão que você toma, tem que pensar em quantas outras pessoas apostam no teu trabalho. A grande dificuldade de hoje é você conviver com as pessoas pela forma diferente que pensam. Por estar em uma cooperativa, tem que pensar sempre no coletivo. 
  • Tivemos mais cooperativas no passado que não perduraram. Qual o segredo para se manter grande e forte?
    Não existe receita. Primeiro, tem que ter humildade. Ser claro e transparente. E ter uma equipe que dá suporte. Ninguém faz nada sozinho. Um administrador não tem que ter vergonha de pedir ajuda quando não sabe. Ninguém é tão inteligente que não dependa de um terceiro. Precisamos de um trabalho coletivo. Temos grupos de trabalho em que cada um dentro da sua área conhece com profundidade o que tem que ser feito. Esse trabalho anda na medida que todos estão comprometidos. O maior patrimônio que a empresa tem são as pessoas, que são o cérebro dela. A parte fabril é mera peça operacional. 
  • O pequeno produtor se associa também em busca de conhecimento, em busca de auxílio. O que a Aurora tem pensado para o futuro dos associados?
    A Aurora fez, há quatro anos, uma radiografia para entender o seu tamanho e projetar onde ela quer chegar. Uma das questões que nos deparamos, e que é o nosso maior desafio, é a da sucessão familiar. Nós constatamos que mais de 30% do nosso quadro associativo tem acima de 70 anos e 50% não tem sucessão. Temos que fazer que os poucos jovens que sobraram no campo permaneçam e os que saíram enxerguem a propriedade como negócio, e não como mais um local de trabalho para poder voltar. Então começamos pelo projeto Menor Aprendiz no Campo com turmas de cerca de 20 jovens, filhos de associados, que recebem conhecimentos em sala de aula e aplicam na propriedade para entender que têm um negócio pela frente. A Aurora também está revisando o planejamento estratégico de 2020 e 2025 e ela tem ambição. Tem que ser ousada e começamos com a construção de uma nova unidade na entrada do Vale dos Vinhedos. 
  • Qual o cronograma da nova planta fabril?
    É uma necessidade que já esta atrasada, porque hoje a Aurora, que está na parte alta da cidade, está esgotada, em local de difícil operação. A cidade cresceu ao seu redor. Também o envase na matriz não comporta mais aumento da produção. Temos pedidos e demanda e não temos capacidade de entrega. A previsão inicial era para ser construída até 30 de novembro, mas, estamos apostando que em 31 de dezembro vamos concluir a obra. Em um primeiro momento, toda a linha de suco de uva será envasada ali, que é o carro-chefe da Aurora, porque representa 60% do volume de faturamento. Nesta nova unidade também vai ser feito todo o processo de expedição. O passo seguinte será uma segunda unidade no mesmo local para a recepção de toda a matéria-prima, principalmente de uvas comuns. Em três a quatro anos, vamos deslocar a unidade 2, a antiga Dreher, onde se processa e armazena, para o Vale dos Vinhedos. Também temos um centro tecnológico em Pinto Bandeira, de onde saem os melhores produtos com indicação de procedência. Tem projeto ali também, mas temos que ver o nosso principal gargalo primeiro. A ideia é diminuir custo. Hoje temos três unidades e teremos duas para buscar mais competitividade e capacidade de entrega. 
  • Qual o investimento e capacidade de ampliar produção?
    A Aurora no seu pós-crise de 1995 ficou muito tempo sem investir. Afinal de contas, tinha compromissos para honrar, como de fato os fez. Ainda não dimensionamos o custo total. Mas hoje já temos mais de R$ 20 milhões aplicados. Vai custar mais, sem dúvidas. Em um mês e meio, teremos a conclusão e o número exato no primeiro investimento. A nova fábrica vai nos permitirá dobrar o volume de produção. Se considerarmos um turno de trabalho, terá condição de produzir, no mínimo, mais de 300 mil caixas de suco por mês. Ela tem possibilidade de atuar em dois turnos, e aí vai para até 500 mil caixas. A partir do ano que vem já se consegue envasar esse volume. 
  • O que será feito do complexo na área central? Pode ser vendido?
    Não há nenhum impedimento para isso. São 45 mil metros quadrados da área que será desativada. A nova planta tem 120 mil. A unidade inicial tem 19 mil de área construída. 
  • Qual a expectativa para as vendas desse final de ano e para a próxima safra?
    Esperamos que possamos continuar com crescimento. O suco de uva vem tendo um aumento importante e o espumante também, porque “casa” bem com o fim de ano. Hoje estamos com dificuldade de insumos, de garrafas, mas estamos conseguindo administrar isso. O cenário do país também não é dos melhores. Esperamos, com o fim das eleições, que a economia tenha crescimento e consigamos chegar na nossa meta de 10% acima do que foi no ano passado. E a safra do ano que vem, com o frio como um ingrediente importante, deve ser mais uma safra excepcional pelas informações que nosso corpo técnico e quadro social nos trazem.

Clique e leia mais

+ARTIGO

A construção verde já faz
parte de um novo olhar sobre o planejamento urbano. Na última década, formou-se uma comunidade em torno desse modelo imobiliário

+agropecuária

Alunos de Escola Agrícola da Serra aprendem a teoria e colocam na prática aspectos relacionados ao universo das cooperativas 

+ENTREVISTA

Hermínio Ficagna, diretor-geral da Aurora, tem o desafio de transferir produção fabril para nova planta

+DICAS

3 em 4 pequenas empresas usam o aplicativo. É preciso saber o que o cliente espera do app.

+AGENDA

Oportunidades, cursos, seminários e exposições. Programe-se para os eventos na região

Compartilhe