FERNANDO SOARES
fernando.soares@pioneiro.com
MARCELO CASAGRANDE
perfil | Letícia, da Movida, aponta que o cliente está mais exigente
Durante a crise, o mercado de veículos usados ganhou um novo impulso. Com os orçamentos mais apertados, os consumidores passaram a apostar mais em um carro de segunda mão, muitas vezes com pouca rodagem e ainda na garantia. No ano passado, em Caxias do Sul, as revendas venderam 52 mil unidades, 11% a mais que no ano anterior. Já em 2018, o mercado caxiense se mantém em expansão, ainda que moderada, e vai na contramão da situação verificada na Serra e no Rio Grande do Sul como um todo.
Conforme levantamento da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores no Rio Grande do Sul (Fenauto-RS), de janeiro a setembro de 2018, foram comercializados 38.540 veículos de segunda mão em Caxias do Sul. O resultado representa um incremento de 0,1% frente a igual período de 2017 e aponta que o segmento tende a se manter estável.
Na região, a venda de usados cresceu com mais força em Paraí (9%)e teve maior retração em Dois Lajeados (-20,1%).
No Estado, o cenário é de queda de 1,3% nos negócios no ano, enquanto na Serra a retração é de 1%. Ainda assim, o desempenho é visto como dentro do esperado pela Fenauto-RS, em função do crescimento nos anos anteriores. Em 2017, esse nicho de mercado teve crescimento de 9,8% na região serrana.
– O segmento de usados se desenvolveu o tempo todo na crise, por conta de o carro zero ter ficado muito caro. Com isso, o seminovo ficou bem mais atraente. O segmento vem tendo um bom desempenho – avalia Rodrigo Dotto, presidente da Fenauto-RS.
O maior volume de negócios na Serra, neste ano, se concentra nos chamados usados jovens, carros com 4 a 8 anos de vida. As vendas de veículos com este perfil subiram 28% em 2018. No ano passado, a demanda era puxada pelos seminovos, carros com no máximo três anos de rodagem, que, nesta temporada, tem queda de 62%.
No Rio Grande do Sul há cerca de 4 mil revendas, segundo a Fenauto-RS. Já em Caxias, empresários locais estimam que existem hoje cerca de 200 negócios do gênero. E as companhias disputam a preferência de clientes cada vez mais exigentes, conforme aponta a gerente da Seminovos Movida, Letícia da Silva.
– O consumidor que procura o seminovo não faz uma compra emocional, ele pesquisa mais antes de comprar. Em geral, os modelos populares são os que mais saem – constata.
Atualmente, a Movida comercializa em torno de 30 carros por mês e possui um estoque de 120. Um fator que fez o segmento de seminovos se aquecer, segundo Letícia, foi a chegada dos aplicativos de transporte à cidade. Segundo ela, muitos motoristas cadastrados nestas empresas acabam preferindo investir em um carro seminovo para trabalhar.
Apesar da retomada do mercado de usados, o gerente da Carburgo, Daniel Dorneles, constata que o patamar de negócios está abaixo do mesmo patamar verificado no início da década, por volta de 2011. Na empresa, que também trabalha com modelos novos, os usados acabaram amenizando a crise dos últimos anos. Para ele, a retomada recente das vendas de veículos zero quilômetro também acaba beneficiando o comércio de segunda mão.
No Estado, foram emplacados 102 mil carros novos de janeiro a julho, crescimento de 15% frente a igual período do ano passado, segundo o Sincodiv/Fenabrave-RS.
– É uma reação em cadeia. Porque o cliente que compra um carro zero pode acabar me dando um seminovo na troca. Os clientes que ficaram dois ou três anos com um mesmo carro agora vão voltar para trocar de modelo – projeta.
MARCELO CASAGRANDE
ONLINE | Dorneles relata que já vendeu carro até para Santa Maria, pela internet
A internet acabou se tornando uma aliada importante das empresas de usados. Nas revendas de Caxias é cada vez menos comum encontrar clientes apenas olhando as garagens em busca de veículo. Atualmente, muitas negociações começam por meio de mensagens por whatsapp ou contatos através dos sites das empresas.
Atualmente, a Carburgo vende 60 carros por mês, com os usados representando em torno de 40% dos negócios. Boa parte das tratativas são realizadas online.
– A procura pelo seminovo cresce na internet. Já vendi carro (de Caxias) para Guaíba e até Santa Maria – constata Daniel Dorneles, da Carburgo.
Situação semelhante é constatada pelo vendedor da Rota Norte Multimarcas Alison Giasson. Ele diz que quase todas as vendas da empresa começam a ser encaminhadas pela internet.
– O grande vendedor de carro hoje é a internet. Por isso, procuramos trabalhar as fotos e as informações dos carros no site – aponta Giasson.
Por mês, são negociados de 12 a 15 veículos na Rota Norte. Segundo o vendedor, a demanda tem sido positiva neste ano, com incremento aproximado de 20% nas vendas, em comparação com o ano passado.
DIOGO SALLABERRY
investimento | Betiolo, de Guerra, passou a contar com 10 pontos espalhados pelo Estado
Na esteira da recuperação do mercado de veículos usados nos últimos anos, algumas empresas caxienses aproveitaram o bom momento para investir na expansão de seus negócios. É o caso da Betiolo, que no ano passado adquiriu quatro concessionárias na região metropolitana de Porto Alegre e na região Centro-Sul do Estado.
Com isso, a marca fez sua estreia na Capital e em Camaquã, Canoas e Guaíba. Ao todo, atualmente, a empresa possui dez unidades, sendo três delas em Caxias do Sul.
– Sempre foi um objetivo da empresa trabalhar na região metropolitana, por entendermos que lá o mercado é muito maior do que no interior. Era um sonho antigo – constata Diego Guerra, diretor geral da Betiolo.
O dirigente afirma que o faturamento do grupo mais do que dobrou com as novas aquisições. O resultado é puxado pela ampliação da empresa, mas também é possível verificar crescimento nas unidades que já estavam abertas há mais tempo, segundo Guerra.
No momento, a empresa tem focado na mudança dos pontos em Lajeado e Porto Alegre. Já no mercado caxiense, os negócios têm apresentado bom volume, de acordo com Guerra.
Trabalhando com novos e usados, a Betiolo obtém a maioria da receita através dos carros seminovos. Aproximadamente 85% dos 180 a 200 veículos vendidos por mês em Caxias são de segunda mão.
E a tendência é de que a demanda siga em alta. A perspectiva é de que as vendas no último trimestre do ano aumentem.
– Normalmente os meses de outubro, novembro e dezembro são bons para nós. E acredito, com o cenário econômico que está se desenhando, que 2019 será melhor do que tem sido este ano.
Muita gente ainda tem receio de comprar um veículo de segunda mão. A ideia de o carro ter sido de outro dono traz uma série de dúvidas quanto a confiança na qualidade do veículo. Será que o dono anterior cuidou bem do carro? Será que vai dar defeito assim que eu comprar? Não é mais seguro investir em um carro zero? O custo benefício de comprar um usado é maior? Essas são algumas das questões que pairam na mente do consumidor, antes de realizar a compra. Confira algumas dicas para saber se vale a pena investir em um veículo seminovo.
Fonte: Betiolo
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Mercado de carros seminovos em Caxias segue com leve expansão, na contramão do estado e da região
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