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29 DE OUTUBRO DE 2018

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Moldado por parcerias

grupo pcp steel, de caxias do sul, chega aos 40 anos vislumbrando a abertura de novos mercados

Mobirise



BABIANA MUGNOL

babiana.mugnol@rdgaucha.com.br

Humberto Cervelin é o fundador e diretor geral do Grupo PCP Steel que completou 40 anos na última semana. A marca congrega três empresas e emprega cerca de 180 colaboradores. Fundada em 1978, em um escritório de apenas 30 metros quadrados, a PCP nasceu como um empreendimento de representação comercial. Em pouco tempo, o aço começou a nortear as negociações e a empresa passou a representar importantes marcas do mercado industrial nacional e internacional. Atualmente, essa unidade leva o nome de PCP Produtos Siderúrgicos e é referência na distribuição de aços de alta resistência e tubos para cilindros hidráulicos. As outras duas empresas do grupo PCP foram criadas nos anos 2000, de olho nas necessidades dos clientes. A Unylaser surgiu em 2003 e atua na área de fabricação de produtos e componentes metálicos. Por cerca de 10 anos, o grupo desenvolveu uma sólida parceria com a Ruukki, uma corporação da Finlândia, mas há dois anos o grupo trabalha com um parceiro nacional, a Usiminas, o que tem possibilitado também a abertura de mercados nos Estados Unidos e Canadá.

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Tem que ter um produto tecnológico, vencer barreiras logísticas e ter qualidade. Estamos no caminho.

  • Pioneiro: São quatro décadas de atuação. Qual o segredo da perenidade de uma empresa que começou em outro ramo e enveredou para o segmento de ferro e aço?
    Humberto Cervelin: É uma história muito parecida com a de muitas empresas da Serra. Começamos por meio da amizade de dois amigos de faculdade com sonho de empreender, em 1978. A nossa ideia era representar empresas de autopeças voltadas para caminhões porque meu ex-sócio trabalhava nesse setor. Por acaso, apareceu no nosso caminho uma oportunidade no setor de ferro e aço que é onde estamos até hoje. Durante quase 18 anos trabalhamos apenas na representação. 
  • Como era empreender na década de 70 na comparação com os dias de hoje?
    Hoje a interatividade, pelos meios de comunicação, permite fazer negócio pelo celular. Na época era só olho no olho. Os negócios aconteciam se o representante passasse. Telefone era algo raro. Mas foi uma década boa para as indústrias e para o comércio, década que grandes empresas surgiram. 
  • Como foi a decisão de focar no mercado de ferro e aço?
    Nós fomos evoluindo e conseguimos estabelecer vínculos com boas empresas do ramo. Representamos durante 10 anos uma empresa muito conceituada em que estabelecemos a relação comercial antes que ela existisse. Se criavam produtos, porque tinham carências em muitas áreas. Nós representamos empresas importantes do ramo de chapa de aços e fomos amadurecendo. Esse ciclo durou até o fim dos anos 80 quando decidimos empreender com os nossos próprios negócios. Passamos a ser uma empresa que comprava e vendia. Também tivemos a oportunidade em Caxias de fundar a Dinaço, que hoje é a Panatlântica. Na época, montamos em conjunto com Ítalo Breda, um grande cliente da Marcopolo. Fomos indicados pela fabricante de ônibus para uma negociação com ele e acabamos montando aqui uma empresa que é uma das principais do Estado. Mais tarde vendemos nossa participação, mas mantemos vínculos comerciais até hoje. Esse DNA de construir e empreender foi aflorando e, na década de 90, a PCP foi a primeira importadora do Brasil do material galvalume, o aluzinco. Até então se conhecia somente o zinco para telhas. Nós sempre tivemos focados para os nichos de negócios. Não entramos e não competimos no grande mercado de aços mais comuns, em grande quantidade. Em 1996 encontramos uma oportunidade de desenvolver aços de maior resistência para baixar peso nos veículos. Tudo que se move, precisa baixar o peso. Fomos a primeira empresa a participar deste projeto com a Usiminas, onde ajudamos a viabilizar que a usina fabricasse a primeira corrida de aço com 600 megapascal de limite de escoamento. Traduzindo, é um aço com o dobro da resistência dos aços comuns. Hoje já trabalhamos com aços de até quatro vezes mais resistência na indústria metalúrgica. 
  • Como serão os próximos anos com a parceria da Usiminas?
    Em 2014, nossa parceira Ruukki foi incorporada por um concorrente e nós tivemos que nos reinventar. A história da PCP é a reinvenção. A crise foi muito forte para nós, porque veio acompanhada, não só de perda de mercado, do atraso dos pagamentos, mas veio também com a perda do parceiro estratégico. E a partir de 2016 reatamos uma conversa com a Usiminas, então em outro patamar. Ela já com investimentos feitos no início da década de mais de R$ 11 bilhões, notadamente em linhas de produção voltadas para aços de alta resistência. Criamos inclusive produtos novos. A experiência que temos de quase 20 anos com usinas do exterior foi transferida naquilo que a Usiminas pode fazer também. Hoje nós estamos colocando produtos com resistência que concorrem diretamente o mercado do alumínio. Estamos exportando e fazendo produtos com o mesmo peso, porém com resistência superior e custo inferior, porque o aço é mais barato. É de alta tecnologia e feito dentro do Brasil, perto da gente, com todo apoio. Todo mundo que depende da importação fica sempre com preocupação. É muito mais confortável trabalhar com empresa local.  
  • O que vocês estão prevendo de novos mercados de exportação?
    Na América do Sul, exportamos para o Uruguai, Chile, Argentina, Colômbia e onde a economia está mais ativa. Nós agora esperamos muito de outros mercados mais exigentes, como o canadense e o norte-americano. Recém estamos entrando nesses países com produtos de alto valor agregado. É o que nos dá segurança em entrar em um mercado competitivo, concorrendo com gigantes da indústria local. Tem que ter um produto com apelo tecnológico, vencer barreiras logísticas e, obviamente, ter uma qualidade indiscutível e nós estamos nesse caminho. Eu acho que nosso crescimento vai se dar por esses mercados, principalmente na área da indústria. Na área da distribuição é mais difícil porque a competitividade é maior. 
  • Qual o tamanho do faturamento e o número de funcionários da empresa?
    Antes da crise, até 2014, tínhamos faturamento na ordem de R$ 180 milhões. Ele caiu significativamente há três anos e agora estamos retomando, mas ainda a 70% do objetivo. Pretendemos no ano que vem ter crescimento importante, porque no último ano a economia deu uma estabilizada. Estamos vislumbrando um ambiente positivo, se não acontecer nenhum desastre na área política ou um fato externo afetar a questão do dólar. É um sentimento que a gente colhe fazendo visitas em grandes e pequenas empresas. A gente diminuiu de 400 para 180 o número de funcionários, mas estamos retomando e trabalhando muito em eficiência. Temos que ter uma relação verdadeira entre quem emprega e quem é empregado. Ninguém tem que exercer função só porque está protegido pela lei, tem que exercer porque é um bom profissional. Mas eu vejo que muitas empresas afetadas pela crise não terão o tamanho que tinham por uma relação que acreditam ser desigual. Torço por leis justas que protejam tanto empregado quanto empregador e que esse sentimento que a maioria das empresas foi obrigada a sentir, com as demissões, não exista nunca mais.

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