Menino Omran, 4, imagem símbolo da guerra que devastou Aleppo ao longo deste ano

MAHMOUD RSLAN, AFP, BD – 18/8/2016

A eleição do republicano Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, vencendo a democrata Hillary Clinton, espantou o mundo. Mas é a culminância de um processo de reação crescente mundo afora aos desmandos da política tradicional, em que a população recorre a candidatos personalistas que se apresentam como completamente avessos a esse cenário. Trump radicalizou, reconhecido que é por não nutrir simpatia às minorias e ao politicamente correto. Defendeu em campanha a construção de um muro na fronteira com o México para estancar a imigração ilegal, e que os mexicanos pagassem pela “obra”.

Trump também representa o avanço de candidatos mais próximos ou até alinhados com simpatizantes do receituário de extrema direita, condição que conta com representantes fortalecidos na Europa, em especial na Áustria e na França. No Brasil, essa representação também existe, sendo o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) seu principal expoente, assim com os candidatos eleitos em outubro que se apregoam alheios à política tradicional, com ênfase na gestão. Exemplos não faltam, e Jorge Doria (PSDB-SP), que ganhou em primeiro turno a eleição para prefeito em São Paulo, é o caso mais reluzente.

Agora na Alemanha, a primeira-ministra Angela Merkel também sofre reações desses mesmos grupos mais à direita devido ao atentado este mês, quando 12 pessoas foram atropeladas em uma feira de Natal na capital Berlim por um caminhão dirigido por um motorista, morto depois na Itália, que se suspeitava ser imigrante. Merkel abriu as portas para a imigração, que segue como tema central da política internacional.

Mas outro assunto dominante no noticiário ainda comove o mundo: foi a situação de Aleppo, na Síria, uma cidade devastada pela guerra movida inicialmente por movimentos da política interna, do que se aproveitaram extremistas do Estado Islâmico para se esgueirar por novos territórios em busca de avanço para ideias radicais. A situação obrigou a desdobramentos na conjuntura internacional.

Agora no fim de dezembro, o governo sírio, com apoio dos governos da Rússia, Irã e Turquia, anunciou a retomada da cidade do domínio parcial do Estado Islâmico. Tornaram-se emblemáticas, ao longo do ano, as imagens de crianças resgatadas dos escombros com faces machucadas e sujas de pó – como o menino Omran, 4 anos (na foto). Aleppo tornou-se conhecida como o lugar onde as crianças não choram. A cidade síria é, seguramente, a imagem mais acabada da inviaibilidade do ser humano para a convivência civilizada, que persistiu em 2016.


Saiba mais

Burkina Faso – em janeiro, atiradores entraram atirando em hotel. Pelo menos 20 mortes.

Boate Pulse, em Orlando (EUA) – em junho. Homem entrou atirando em boate voltada ao público LGBT. Foram 49 mortos.

Bruxelas, Bélgica – em março, tendo o aeroporto internacional em uma estação de metrô como alvos, 34mortos.

Ancara, Turquia – em março. Carro-bomba deixou 35 mortos no centro da cidade.

Istambul, Turquia – em junho, tendo o maior aeroporto do país como alvo. Mais de 30 mortos. Mais de 100 pessoas feridas.

Nice, França – em julho, caminhão atropelou pessoas que comemoravam a festa nacional pela queda da Bastilha. Pelo menos 84 mortos.

 Berlim, Alemanha – em dezembro, um jovem, a quem foi atribuída a nacionalidade tunisiana, dirigindo um caminhão, atropelou pessoas em uma feira de Natal Pelo menos 12 morreram.

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