FOTOS DIEGO VARA, BD – 12/5/2016
Quem sabe o que há por vir em 2017 e nos anos que se seguirão. Seja o que for, será necessário um enredo alucinante para superar a sucessão incrível de acontecimentos no cenário político brasileiro em 2016. O ano já começou com as primeiras etapas da tramitação de um processo de impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff. Comandado na Câmara pelo então poderoso deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o processo desenrolou-se de forma frenética, entremeado por conversas gravadas, inclusive diálogos envolvendo a presidente Dilma que foram vazados, e por manifestações nas ruas.
Houve algumas culminâncias no afastamento de Dilma Rousseff. Uma das mais emblemáticas foi a aceitação do processo pela Câmara, em votação durante um domingo de abril em tom circense, recheada de discursos, boa parte deles oportunista, outros agressivos, que teve repercussão internacional. Semanas depois, em maio, o Senado acolheu a admissibilidade do pedido de impeachment, e Dilma Rousseff foi afastada temporariamente. O afastamento definitivo deu-se no simbólico mês de agosto, no também simbólico dia 31, quando o vice-presidente Michel Temer assumiu definitivamente. Desde maio, no entanto, quando começou interino, até hoje, o governo de Temer enfrenta uma crise sem fim, com seis ministros já afastados, alcançados por denúncias de corrupção ou caixa 2 que não pouparam o próprio Temer.
O combate à corrupção foi o mote das ruas. O condutor do processo, o juiz federal de primeira instância Sergio Moro, que está à frente da Operação Lava-Jato já em seu terceiro ano, foi elevado à condição de herói nacional. Além dos ministros de Temer, as investigações não pouparam Cunha, que foi afastado da presidência da Câmara e hoje está preso, e também o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Afastado do cargo por liminar do Supremo, ele não obedeceu à ordem, mas ainda assim foi mantido na função pelo plenário da mesma Corte dias depois. Ao encerrar-se o ano atribulado, os poderes Legislativo e Judiciário, mais o Ministério Público Federal, estão engalfinhados em uma luta pelo poder que estabeleceu, além de uma crise política, uma crise institucional. O Executivo ostenta baixos índices de popularidade e a crise econômica persiste.
É assim que chegamos a 2017. Reina grande expectativa pelo que há de vir.
Em março, Dilma Rousseff fez sua última visita como presidente a Caxias do Sul. Ela entregou unidades do Minha Casa, Minha Vida.
Lava-Jato – Uma conversa gravada pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, derrubou o então ministro de Temer, Romero Jucá, que sugeriu “estancar a sangria”. Isto é, conter as investigações da Lava-Jato.
MARCELO CAMARGO, BD – 15/4/2016