Pela primeira vez, desfiles da Festa da Uva foram realizados na Rua Plácido de Castro

FELIPE NYLAND, BD – 18/02/2016

A maior festa da Serra Gaúcha foi palco de forte polêmica em 2016. Pela primeira vez em 57 anos, os desfiles cênicos da Rua Sinimbu acabaram transferidos para a Plácido de Castro, numa escolha, segundo a comissão organizadora do evento, embasada em critérios técnicos – impacto do trânsito, estrutura das arquibancadas, logística, características da rua e capacidade de presença do público.

A apresentação encurtou em quase 200 metros, mas ocorreu de forma linear, sem beneficiar parte do público em uma quadra específica, como acontecia com quem ficava na região da Catedral. Outros fatores que contribuíram para a mudança foram a economia de aproximadamente R$ 200 mil com o uso da mesma estrutura do Carnaval e a revitalização do galpão da Maesa, onde os carros alegóricos foram construídos. Isso, além da topografia mais plana da rua, ajudou a convencer o então presidente da Festa da Uva, Edson Néspolo, defensor do desfile na Sinimbu.

– Quando o corso chegava na descida da Sinimbu, temíamos uma tragédia – admitiu Néspolo.

Quem defendeu a Sinimbu como palco do principal espetáculo da Festa da Uva se apegou à nostalgia e à representatividade da Catedral Diocesana, da Praça Dante Alighieri e do antigo prédio da Eberle. Sem o cenário histórico da colonização italiana e da evolução de Caxias, acreditava-se que o desfile perderia aura e identidade. Em outubro de 2015, uma reunião entre prefeitura e profissionais ligados à história do evento, foi confirmada a transferência, e integrantes da comissão se exaltaram.

– Não é um sentimento nostálgico, mas é fato que todas as atrações da cidade estão indo embora do Centro. Espero que isso seja recompensado – lamentou a presidente do Conselho Municipal de Cultura, Ana Alberti. Na primeira noite, o desfile atrasou e muitas pessoas que não quiseram se acomodar nas arquibancadas desistiram e voltaram para casa sem assistir ao espetáculo.

– Já fui em diversos desfiles na Sinimbu e o que posso dizer é que a Plácido ganha nota zero. É um descaso não ter lugar para quem não comprou ingresso – reclamou o comerciante Pedro Luis Camello, 59 anos.

A segunda e terceira noites conseguiram, ao menos em parte, reverter a deficiência. Uma das principais mudanças foi com relação ao horário. O atraso de aproximadamente uma hora, que tirou muito do brilho do primeiro espetáculo, não se repetiu. A partir de então, os desfiles se realizaram normalmente.

Outros desfiles

A Plácido de Castro também serviu de cenário para os desfiles das escolas de samba, no Carnaval, e da Semana Pátria. Em consequência, o Centro esvazia-se de programações comunitárias.

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