JONAS RAMOS, BD – 12/4/2016
A onda de violência que sacudiu o Estado também abriu uma chaga histórica em Caxias do Sul: nunca se matou tanto como em 2016. Foram 149 homens e mulheres assassinados (até a noite de sexta-feira), superando a marca anterior que pertencia a 2010, com 137 mortes. O recorde foi ultrapassado em 23 de novembro com a morte de Jeferson Rodrigo dos Santos da Cruz, 43 anos, caso icônico por apresentar o perfil de vítima mais comum, segundo autoridades policiais: viciados em drogas assassinados em razão de dívidas ou desavenças.
Contudo, foram as vidas levadas por assaltantes que mais comoveram a população. Neste ano, oito pessoas morreram em roubos, caso do florista Fernando Osvaldo Weber, 43, baleado por dois criminosos que pretendiam levar um carro na noite de 3 de novembro, e da papiloscopista Márcia Regina Morais, 38, também executada por ladrões de veículos na noite de 11 de abril.
A morte de Fernando Giovani Maculan, 17, teve a marca da banalidade: o rapaz ouvia música no fone de ouvidos e não ouviu os assaltantes que queriam roubar o celular dele. Por esse motivo, foi esfaqueado no bairro Lourdes na tarde de 10 de maio.
O fim precoce de Fernando contribuiu para outro recorde negativo: 12 adolescentes assassinados em 2016. Desses casos, um deles evidenciou um ciclo que parece não ter fim. Os primos Vitor Gois Neves, 14, e Kelvin Weslen Arceno Vieira, 15, morreram a tiros ao lado de um carro numa estrada da barragem da Maestra, na tarde de 13 de agosto.
A violência de gênero também se manteve em alta: cinco mulheres morreram pelas mãos de companheiros e ex-companheiros. Maicon Modelski matou a ex-mulher Simone Beatris Braga da Silva, 39, na tarde de 25 de junho, um sábado, no bairro Cinquentenário. Após o crime, ele sentou-se na frente da casa de Simone com a arma do crime na mão e esperou pela polícia.
Outro caso que chamou atenção foi o do bento-gonçalvense Lucas Raffainer Cousandier, 19, morto durante uma perseguição na Perimetral Sul. Policiais militares implantaram armas para incriminar Cousandier e os dois amigos que o acompanhavam. Foi o próprio comando da BM que esclareceu o caso e solicitou a prisão de três policiais envolvidos.
Apesar do cenário de violência, o trabalho policial recebeu mais elogios do que críticas em 2016. Mesmo com salários parcelados e menos efetivo nas ruas devido ao corte de horas extras, a resposta da Brigada Militar e da Polícia Civil foi vista em diversas ocasiões. Em outubro, PMs foram homenageados na Câmara de Vereadores após enfrentarem uma quadrilha fortemente armada envolvida no assassinato de um casal no bairro Planalto. O grupo foi perseguido pela BM até o bairro Vila Ipiranga. Quatro criminosos morreram e um foi preso. Ao todo, foram seis mortes violentas naquela noite. No total, 12 bandidos morreram em confronto com a BM em 2016.
Pioneiro.com inaugurou em 2016 a ferramenta Contador da Violência. A qualquer hora, a consulta informa sobre o número atualizado de homicídios, características do crime e das vítimas e permite acesso às notícias relativas a cada caso.
Relógio – A média de crimes em Caxias do Sul este ano foi de 12,4 a cada mês. Ou um crime a cada 58,8 horas. Ou um a cada 2 dias, 10 horas e 48 minutos.
Geografia – Apenas os bairros Vila Ipê (11 crimes) e Santa Fé (nove), na Zona Norte, registraram 20 assassinatos. Reolon, na Zona Oeste, e Planalto, na Zona Sul tiveram oito casos cada um.
Adolescentes – Cinco meninos de 14 anos e um de 12 perderam a vida. As demais vítimas tinham 15 anos (três), 16 anos (dois) e 17 (um).
Pesadelo – A bomba-relógio da violência explodiu duas vezes no colo da mesma família em 48 dias. Em novembro, o empresário Fernando Osvaldo Weber foi assassinado em frente a sua empresa, a FW Flores e Decorações, no bairro Santos Dumont. Em dezembro, o mesmo local foi assaltado e a mulher de Weber, Rozemeri, ficou sob a mira dos ladrões.
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