Produtor Nelson Serafini, que tem parreirais na Linha 60, e a frustração dos cachos

PORTHUS JUNIOR, BD – 20/1/2016

No setor vitivinícola da Serra, o ano de 2016 foi marcado pela queda histórica na safra da uva: 56% em relação à média. Se comparada com a de 2014/2015, a queda foi ainda maior: 65%. Cultivada em uma área que soma cerca de 38 mil hectares, a colheita, que costumava ser, em média, de 850 mil toneladas/ano, em 2016 contabilizou 304 mil toneladas, o que representou cerca de 550 mil toneladas a menos da fruta no mercado. O impacto financeiro foi alto: R$ 380 milhões deixaram de circular na cadeia vinícola. Aliadas à uva, todas as demais frutíferas cultivadas na região apresentaram quebra na safra. A produção de pêssegos e ameixas registrou queda superior a 60%.

Uma série de fatores motivou o cenário desolador nas plantações. O clima foi um dos principais vilões: o número de horas de frio em 2015 foi insuficiente, o calor forte de agosto antecipou a brotação e o florescimento das plantas, a geada tardia de setembro causou danos em boa parte da produção e, para piorar, choveu muito acima do normal no final do ano passado, prejudicando a formação dos frutos.

Não bastasse toda essa soma de intempéries, no caso da viticultura ocorreu ainda o chamado esgotamento fisiológico, que é natural após várias safras com alta produtividade. O dólar alto também prejudicou as plantações, já que os fungicidas e fertilizantes costumam sofrer interferência da moeda americana.

O resultado de tantos impactos na produção gerou uma valorização dos produtos. O valor subiu, em média, 25% (uva, caqui, kiwi, pêssego, figo e ameixa). No caso da maçã, o aumento estimado foi de 15%.

Mesmo com a alta nos preços, o impacto financeiro direto foi de R$ 444,6 milhões a menos no mercado. Indiretamente, o valor perdido foi maior. Para piorar, promessa de redução do IPI, anunciada pelo governo federal na abertura da Festa da Uva. não aconteceu.

2016, no entanto, também teve boas notícias para os produtores. O longo período de frio, na época certa, e a ausência de chuva de granizo beneficiou a safra de uva, que começa a ser colhida.

IPI do vinho

A queda na alíquota do IPI do vinho foi prometida na abertura da Festa da Uva pelo então ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, que representou a ex-presidente Dilma Rousseff. O imposto cairia de 10% para 6% em 2016 e, a partir de 2017, passaria para 5%. Mas, no dia 25 de maio, os produtores do setor vitivinícola acordaram com um gosto amargo na boca. A esperada redução foi derrubada no Congresso, mantendo-se a alíquota em 10%.

Preço

Se a diminuição do imposto fosse aprovada, o vinho brasileiro poderia oferecer preços mais competitivos, já que o IPI representa 10% do faturamento da vinícola no mercado e 4% no preço final

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