RONI RIGON, BD – 28/2/2016
Os empresários não se intimidam ao afirmar que os últimos três anos se consolidam como a pior crise já vivida pela economia de Caxias do Sul. Essa recessão é diferente da presenciada em 2008/2009. Aquela foi mais rápida, passageira, e o Brasil passou quase incólume por conta de estratégias como o estímulo ao consumo. Desta vez, a crise financeira é a face evidente de um cenário intensificado por incertezas políticas, investimentos travados, dificuldades de crédito, demissões, juros e inflação crescentes e endividamento das famílias.
O resultado disso: Caxias do Sul, pela forte dependência da indústria de bens de capital, é uma das cidades brasileiras mais afetadas pela crise econômica, que faz estagnar investimentos em infraestrutura e na ampliação de empresas. Pelo terceiro ano, a cidade fechará com os números no vermelho.
Em 2014, a queda nos negócios da indústria, comércio e serviços foi de 7,3%, apontado como o pior desempenho da década até então. Mas o pior ainda estava por vir. Em 2015, o tombo foi mais drástico, com a queda no desempenho de 18,7%. O cenário agravou-se em 2016, que fechará no vermelho outra vez. De janeiro a outubro, conforme últimos dados da CIC e da CDL, a retração foi de 11,6%.
Em decorrência desse contexto, a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) nas indústrias de Caxias, que girava entre 85% e 90% quando a economia estava em plena forma, baixou para 67,7% agora. Ou seja, 32,3% dos parques fabris e da força de trabalho da cidade estão ociosos hoje. Menos pedidos representam menos trabalho, menos renda e, obviamente, mais demissões. Foram 22 mil vagas de trabalho fechadas desde o início da retração no município, há três anos.
Nesta virada de ano, o sentimento entre lideranças, economistas e empresários é de que o pior já passou. Isso porque a queda nas vendas no acumulado de 12 meses vem diminuindo lentamente, apontando “despiora”.
No país, as previsões apontam para o encolhimento próximo de 3,5% no PIB em 2016. A estimativa do mercado para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de 6,4%, bem distante do objetivo central fixado, de inflação de 4,5%. Agora é torcer que 2017 seja de fato o ano da virada.
Papai Noel - Seguindo a tendência de receio do consumidor, o Natal 2016 foi caracterizado por compras com tíquete médio baixo, resultando em queda de 4% a 5% nas vendas do comércio do Estado em relação à data de Noel em 2015. A pesquisa foi apurada pela Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV). Na média estadual, o valor do presente variou entre R$ 50 e R$ 60.
Shoppings – Pesquisa da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) também apontou queda de 3% nas vendas natalinas em lojas de 150 empreendimentos associados à entidade. Já em todo 2016, os negócios do setor de shoppings somaram R$ 140,5 bilhões, redução de 3,2% em relação a 2015.
A projeção está amparada no grau recorde de ociosidade atingido em dezembro (72,5%) e nas incertezas políticas e econômicas.
A projeção está amparada no grau recorde de ociosidade atingido em dezembro (72,5%) e nas incertezas políticas e econômicas.
A indústria deve começar o ano com produção, emprego e demanda fracos. A partir de abril, acredita-se numa melhora dos índices inflacionários, com menor endividamento das famílias.